Acervo Retirada da Laguna
Principais peças do acervo
- Croqui do Presídio de Miranda.
Fachada do Presídio de Miranda (localizada na atual Miranda, mais precisamente na área militar conhecida, atualmente, como Campo de Instrução de Betione). O sombreamento de parte da edificação retratada dá a exata noção da direção do sol, no momento em que Taunay realizava o desenho.
- Croqui da Colônia Militar do Miranda.
No verso do croqui da Colônia Militar do Militar, em sua língua materna (francês), ele se despede do seu pai e se “desculpa” pela qualidade do seu trabalho. Como é natural de quem vai à guerra, não esperava voltar. Como descendente de uma linhagem de forte veia artística, buscava justificar a “baixa qualidade” por já não ter seus melhores pincéis. Provavelmente, fez este desenho antes que pudesse perder o resto de seu material, ou mesmo a vida em breve, já que o Paraguai se aproximava.
- Tronco do Cambaracê.
O Cólera foi um dos maiores inimigos da tropa brasileira. Sendo assim, em 26 de maio de 1867, o Coronel Camisão, comandante da tropa, resolve abandonar os doentes que se encontravam em fase terminal, em uma clareira aberta na mata. Junto a eles foi colocada uma súplica para que houvesse compaixão para com os coléricos.
Assim, aliviada, a coluna de marcha poderia seguir com mais vigor, aumentando as chances de sucesso da retirada em curso. Infelizmente, ao alcançarem a posição, os coléricos que ainda estavam vivos, foram mortos a golpes de lança.
Quase seis décadas depois, em 1926, por ordem do General Malan, é feito o reconhecimento da Mata do Cambaracê, com o intuito de marcar o local de forma definitiva, afim de que este, assim como a sua história, não fossem esquecidos (D’ANGROGNE, 1926). São enviados militares do então 6º Batalhão de Engenharia, de Aquidauana. “Nesta ocasião, foi esculpida em árvore de espécie braúna, na vertical, a inscrição “CAMBARACE”.
Esta expressão, em Guarani, significa “lugar onde o negro chorou” (LIMA; SILVA, 2019, p. 22). Era uma clara alusão a maioria negra que compunha a tropa.
- Granadas de Artilharia.
Um invólucro da granada La Hitte 4mm (à esquerda), usada pela Coluna Camisão; dois invólucros de granadas La Hitte 12mm (ao centro), usadas pela tropa imperial ao longo da guerra; um projétil esférico (a direita) que é atribuído à Artilharia paraguaia.
- Bandeira Imperial.
Doada por descendentes do Visconde de Taunay, que teria sido carregada pela Coluna Camisão. Esta hipótese ainda não foi comprovada, mas de qualquer forma, tê-la no acervo, mesmo que não haja ainda certeza da sua originalidade, é bem significativo.
Texto
1º Sgt Evandro Dias da Silva – Historiador
2º Sgt Eduardo Henrique de Oliveira Lima – Geógrafo
REFERÊNCIAS
D'ANGROGNE, M. Heróis Esquecidos – Perfazendo o itinerário da Retirada da
Laguna. 1926.
LIMA, Eduardo H. de O.; SILVA, Evandro Dias da. Equipamentos culturais em Jardim-MS: por que valorizá-los? Geofronter, Campo Grande, n. 5, v. 4, p. 21-50. 2019. Disponível em: <https://periodicosonline.uems.br/index.php/GEOF/article/view /3927/pdf>.
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